Era o ano de 1989 eu estava para completar 28 anos quando resolvi visitar meu avô que afinal já estava com 89 anos. Tomei essa decisão depois que... Depois que... Eu soubera que ele estava na casa de minha tia e muito doente. peguei o telefone e liguei para o meu tio e o convidei para fazermos de carro a viagem que nos levaria a ver pela ultima vez o meu avô.Do que falamos alem da viajem não me lembro exatamente de que, mas não tem importância. O que importa é que no outro dia acordei de madrugada tirei o carro da garagem e fui buscar o meu tio do outro lado da cidade. Daí até pegarmos a Dutra já eram oito horas ou foi as nove? Não, acho que foram as dez. Isso: dez horas, pegamos a Dutra.
Nossa!Como o tempo passa!Já se passaram vinte anos. Mas do que estávamos falando mesmo? Ah, sim, de que horas pegamos a Dutra. Então, como eu ia dizendo,entramos pela estrada e meu tio ia dirigindo. Meu estomago já estava roncando e meu tio nada de parar, ele parecia um general. Que foi? Você esta com fome?Pára com essa mania de querer comer toda hora. Ele disse,mas já eram quase três horas da tarde.Bem, então ele parou em caratinga n”uma churrascaria dessas de beira de estrada e a comida estava péssima, mas foi exatamente desse jeito que eu a comi. Era uma carne horrível parecia até estragada, mas nos estavas-mos lá e com muita fome. Nunca me esqueço da cara do meu tio, ele ria enquanto comia a comida horrorosa. Bom, enfim, rodamos a noite toda, eu só sei que foi uma maratona, mas aproveitamos para conversar e nos lembrar das historias de meu avô que eu gostava muito. Ainda me lembro do dia que ele veio lá em casa e ficou salgando carne na garagem. Ele de cócoras com seu grande bigode e jogando sal na carne com suas mãos calejadas enquanto sorria pra mim. Vez enquanto meu tio dizia quer fazer o favor de deixar eu me concentrar. Assim eu perco a direção.
Tem coisa que eu me lembro que parece que foi hoje. Eu lembro bem de uma vez quando encontrei meu avo em macarani, eu estava com meu primo e ele nos abraçou e ficou feliz demais em nos ver, nesse dia eu cozinhei pra ele aquele arroz carreteiro que nos gostamos tanto, depois mais tarde nos despedimos e fomos embora. Ah, quando chegamos à casa da minha tia já era de manhã e era véspera da eleição de Collor. Meu avô estava no seu pequeno quarto: Quando meu primo disse que eu e meu tio estávamos ali pra vê-lo, meu avô pegou sua bengala e quis bater nele, pois não acreditou que era verdade. Ele já enxergava muito pouco ou quase nada, mas quando ouviu a nossa voz quase correu ao nosso encontro, abracei meu avô e senti bem colado ao meu o seu corpo alquebrado pelo tempo. Não era um qualquer:Era seu Cassiano aquele velho e duro peão estradeiro. Que surpresa eu tive!O meu avô estava com vontade de queimado. Mandei comprar. Eu o abracei a chorei ali parado, enquanto lhe dizia “O Senhor pode qualquer coisa meu avô. Pode pedir. Fomos ao mercado. Compramos carne de churrasco. Ah, sim, meu avô se divertiu demais naquele dia. Ele tinha toda razão pra fazer tudo quanto queria há muito tempo. É que nessas horas tudo é permitido, mesmo quando se tem 89 anos.
Bom, sobre aquele dia, o que eu posso falar?Teve tanta coisa que eu até esqueço. Mas meu avô pode viver em um dia tudo que ele houvera guardado naquele tempo em que ficou na casa de minha tia.Comeu,bebeu,brincou,riu e chorou:A vida é uma batalha sabia?Se a gente não batalhar, igual ao meu avô fez ao longo de sua vida, aí a coisa não vai. É até difícil falar do meu avô, pois ele é uma das referencias que mais me emocionam. Ver o meu avô ali parado na soleira do seu quarto me dizendo meu neto me leva com você e saber que as condições dele não permitiam que ele fizesse uma viagem tão longa. Depois nós fomos pra sala e passamos a noite inteira nos lembrando das coisas de nossa vida. Da casa onde o gato comeu meu periquito.De quando eu o levava para receber a sua aposentadoria e por ai vai.A emoção de ver o meu avô é indescritível.
Mês passado eu estava remexendo minhas fotos e vi eu e meu avô, altivo e imponente do alto de seus quase dois metros de altura. O dia da eleição de Collor amanheceu chuvoso e cinzento,parece que o tempo já previa o desastre que seria sua administração para esse pais.Fui buscar um café pra meu avô e pra mim,estávamos em. Fiquei ali parado olhando concentrado e me preparando para despedir. Eu e meu avô quase encerrando o primeiro capítulo da minha história. Seus 89 anos de vida, olhar pra ele era recordar o passado assim de um jeito que faz tudo ficar tão nítido. Beijei o meu avô e parti vendo as bandeirolas e os papeis sendo jogados dentro do carro com os números dos candidatos... até quando meu avô?...Ele foi ficando pra traz, se desfazendo nos meus olhos e ficando cada vez mais nítido na minha mente. Meu tio ficou calado por um bom tempo. Era final dos anos de 90 e eu estava chegando em casa, meu coração estava apertado como que procurando alguém que some na hora que a gente mais precisa. Ah, era só cansaço pensava eu. Onde você passou o dia todo?Minha mãe me perguntou. O aperto no peito piorou. Sim, eu me vejo. Tudo ficou escuro e pequenas faíscas delineavam a grande cicatriz que logo ia se formar. Minha mãe de olhos inchados prestes a se esfarelar. A boca aberta sem conseguir falar, mas, as palavras saíram quase que de forma involuntária... Seu avô morreu,,,. Como meu velho e destemido avô pode fazer isso comigo, tudo ficou branco sobre um fundo quase negro. O mundo parou. Assim estava escrito: tudo tem a sua ocasião própria, e há um tempo para cada propósito debaixo do céu. O ar insistia em não voltar ao meu peito. Fiquei como pó de giz.Tudo virou uma cena no espelho. Lembrei-me de Drummond... ”Nesta cidade de milhões de habitantes,estou sozinho co quarto,estou sozinho no mundo” As mãos tremulas.Fiquei azedo.Fiquei ruim de repente,porque não me disseram com jeitinho. Não podia ouvir minha mente. Sepultado há quase duas décadas, eu aqui ainda estou tentando. Mas esquecer -- bom, agora é que são elas.Pois tudo ficou mais difícil. No dia em que me despedi do meu avô
Nenhum comentário:
Postar um comentário