QUANTO CUSTA UM SONHO?

QUANTO CUSTA UM SONHO?
ILHEUS-BA

terça-feira, 13 de junho de 2017

Porteira do Tempo

De lá de dentro da gente, do ermo um pensamento sai
Quase cambaleando se largando dos outros que são comuns
Vai abrindo as eiras rompendo o silêncio rumo ao seu intento
Ele empurra a porteira do tempo, que deixa cair dos pedaços alguns

Se tu não sabes fique sabendo que pensamento tem alma
Que fica guardada dentro de nossa mais longínqua invernada
Mas se quiser vem a tona pois de ficar guardado nunca prestou juramento
Se veste com a pala da saudade e se atira com certeira flecha atirada

No campo dos olhares perdidos é que seu retorno se constrói
É no entrevero do calçar das botas que vem o que estava guardado no passado
O pensamento que faz o peão cambalear com a dor do era esquecimento
Pois o ranger da porteira do tempo tem o som do mais triste fado

Vai caindo a prisão onde as lembranças ficam presas  em paredes de quatro demão
E vai ferindo o coração como bala que ao bater no peito se abre
Assim é a porteira do tempo que abre rasga todos os sentimentos
O seu canto é triste e cortante como o mais afiado sabre

Porteira que era fechada com a mais forte e pesada tranca
Não resiste ao dolorido trato do que estava perdido nos confins do abandono
Se puder corte os arreios do tordilho maldoso e jogue no abismo do uivo do vento
Porque da porteira do tempo só toma de conta o patrono.


A.S.Drumond

Desencilhando


Os passos do tordilho no tempo vai pra longe gineteando
Pelos campos brumados buscando guarida
Os cascos arrancam da terra aluvião de historia vivída 
As paisagens se transformam na medida do tempo passando
Do tropel planejado cada dia vai se afastando
No pala meio amassado tudo que passa vai cravado ficando
As neblinas das madrugadas vão apagando todos os rastros
Os brilhos vão sumindo com a cegueira do tempo impiastro
Mas continuo montado no redomão do destino
Nasci de espora cravada na virilha do tempo
Ele não me fez desistir mas não consegui domá-lo
Pois o tempo é de todos o mais forte cavalo
Não se amansa e a toda hora lhe da um tombo
Mas sempre do chão me levantei e me cravei de novo no lombo
O passar dos dias não se compara a qualquer potro
Vem chegando arrepiado e de currupio esse atrevido
E cada tempo que passa um do outro não é nada parecido
Pois cada amanhecer de Igual não existe outro
Das cavalgadas só resta a doce lembrança
Dos perfumados tempos de minha infância
Mas quando se olha pra traz se vê que ficou na distancia
O trote a cada dia vai ficando mais lento
Deixando ao longo da estrada a tralha solta no vento
A gente vai se encolhendo dentro do pelego da vida
Já não tem tanta força para se desviar da partida
A estrada vai se encolhendo junto com as pedra caida
E a gente passa a porteira do caminho sem fim...
A.S.Drumond

Filho de Aruá

Muito mais que um verso é sinonimo de Aruanã
Travando luta ferrenha crispado de dor
Na construção das sabenças tem o dom do saber
Agil como criança da historia é contador
Da brasilidade nativa ele logo se traja
É agua da cachoeira e é o voo do condor.


É o mestre que pelas etnias faz campanha
O parceiro dos de Kariri na luta por seu regresso
Que vai fazer indio velho escancarar boca nua sorrindo
Com maestria fala de muriqueira até de agua cumprida e nem cobra ingresso
Mesmo ensimesmado está constantemente lutando
Pois a refrega das ideias precisa do seu regresso
O panteão dos sonhadores faz brilhar seu o horizonte
És um Menelau na luta contra a degradação
Aguça no menor dos riachos a mais forte resistencia
Inocula a ecologia e faz novo o cidadão,
Lapida atraves da palavra sem nenhuma negligencia
De quem defende a natureza és o mais intimo irmão
Tudo que aqui eu disse é o mais certo retrato
De quem pela natureza dá sua mente como penhor
De quem ao olhar o horizonte se sente incompleto
Se deixar os poderosos lhe implantar o terror
Por tudo isso é rebelde com causa
Enfrentando as desigualdades sem ao menos perder a cor
Aruanã...
A.S.Drumond