Eu tinha quase 11 anos de idade e nunca houvera me separado de minha avó. Bom, parece ficção... Mas não é...
Venho de uma família simples que migrou para a Bahia no final dos anos 50, quando estavam passando por uma crise financeira precária, o momento difícil em que meu avô e minha avó tiveram que tomar essa difícil decisão...
Me lembro que um dia no quintal da casa onde morávamos um gato pegou meu periquito de estimação e eu e minha avó presenciamos o sofrimento dele e não podemos fazer nada, pois o gato sumiu pelos buracos do muro. No ano de 1971 meu tio que migrou para São Paulo, naquele ano veio nos visitar decidido a levar minha avó para morar com ele... minha avó teria de tomar aquela difícil decisão... Não daria para eu ir junto porque eu sou filho único e era o companheiro de minha mãe que sempre estava sozinha... meu pai viajava sempre...Minha avó viajou e me deixou Foi o pior dia da minha vida foi terrível ser deixado para traz... Éramos um apegado ao outro... “Eu não falava nada”... Meus Olhos enchia de lagrimas. Eu pensava; “Nunca mais eu vou ver minha avó”.
Então Ela partiu...
No dia seguinte eu procurei minha avó pela casa... e nada...ela se foi mesmo...procurei suas roupas no armário..nem as mais simples estavam lá. A Primeira coisa que me veio à mente foi "Nos temos que nos mudar para São Paulo, sem minha avó eu não fico" E guardei aquilo em mim, calado...
Um dia que não me lembro qual foi, eu estava brincando no jardim da minha casa... era de manhã... Meu pai foi chegando com a roupa de trabalho... Que aconteceu mesmo?... Ele viajou ontem e já voltou... Triste e cabisbaixo... A Primeira coisa que ele perguntou foi.... “Onde está sua mãe”... minha mãe já vinha de encontro a ele,eu os segui até a porta do quarto e ouvi; "Nos vamos nos mudar" Minha mãe ouviu calada...
Então Partimos...
Quando chegamos a São Paulo, fomos morar em um desses prédios em que moram muitas famílias, meu pai falava que era o começo que nos iríamos melhorar. Ele era confiante e muito trabalhador.
No dia seguinte sai pra comprar pão, era ali no bairro do Pari... tudo era simples... No final da tarde eu vi minha avó... A Primeira coisa que eu quis foi beijar e abraçar minha avó e pensar eu nunca mais me despediria dela.
Era 15 de janeiro de 2009 e era madrugada quando minha mãe me chamou para mais uma vez levar minha avó ao hospital, pensei... “Vai ser só mais uma sessão de soro e oxigênio e ela volta para casa como das outras vezes”. Mas dessa vez meu coração estava apertado como que procurando minha avó quando ela se despediu de mim pra ir morar em São Paulo. Ah, era só mais uma bobagem pensava eu.... “Nos vamos comemorar os 100 anos de minha avó, vamos matar um novilho para celebrar”.
Ela desceu do carro e eu peguei uma cadeira de rodas, ela sentou e eu beijei seu rosto. Ela nem parecia tão mal como das outras vezes.Era quatro da tarde,minha mãe me ligou. O aperto no peito quase me matou. E eu ouvi minha dizer... “Mãe passou para o Senhor” Sim, eu me vi no escuro e os olhos de minha avó nunca mais estariam lá a minha espera e uma longa lagrima começou a se formar...até hoje essa lagima não foi embora. Corri para o hospital e encontrei minha mãe de olhos inchados prestes a se esfarelar. A boca aberta sem conseguir falar, mas, as palavras saíram quase que de forma involuntária... Sua avó morreu. Eu olhei minha avó coberta ali cercada pelas minhas tias e minha mãe.
Quando fechei o caixão sobre ela. Quando o caixão começou a descer eu pude ouvir minha mente e estendi minhas mãos e confesso que me faltou coragem para sair dali depois de me despedir da minha avó. Bom. Dei uma resumida na minha vida... E quase que ouvi minha avó dizendo... “Espero que seja uma lição para você nunca desistir... siga, pois você ainda tem muitas despedidas e chegadas...”.
Só agora vim escrever... “Do dia que me despedi de minha avó”
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