QUANTO CUSTA UM SONHO?

QUANTO CUSTA UM SONHO?
ILHEUS-BA

sexta-feira, 3 de março de 2017


Velha conhecida

Corri nas suas praias minhas velhas conhecidas
Das suas areias finas fiz das minhas pueris jornadas as raias
Sons de ondas batendo no quebra mar de pedras inda hoje me convidas
No meu imaginário suas espumas brancas num fechar de olhos espraias
Seu sol indiferente brilha o mesmo brilho que queimava minhas costas nuas
Quando ele se escondia entre as nuvens brancas azuladas vinha logo a lua
Com seu brilho sereno revestido dos mistérios que pela noite a dentro ia

Na barra do dia puxar as redes cheias de peixe e saciadoras da fome da gente
Ainda me invades a mente e as narinas com teu cheiro impar das marés de abril
Nasces a partir de uma ponte que atravessa o rio Almada com suas aguas escuras vertentes
Nas suas praias de águas verdes e tranquilas nos seus areais os meus passos de outrora sumiu
Me tomas como as linhas soltas segurando no céu minhas arraias empinadas nas tuas ruas
Sons de Samba de roda, pés descalços batendo ritmados no chão de materias cruas
Minhas pensamentações me indagam porque um dia de ti minha infância partiu

Hoje um paredão de concreto e pedras te afastam e separam de ti a minha presença
Meus olhos vão escurecendo e as tuas lembranças vão se distanciando lentamente
As brumas vão chegando e enchendo a mente numa grossa camada de tinta densa
As memórias se curvam no arrumar das malas e vão deixando um vazio de tom descrente
Vão se esvaindo os sons das andanças nas vielas e das festanças das velhas brincadeiras
Te procuro na velha foto daquelas que se costuma guardar no fundo das carteiras
Não te encontro mais, pois fostes na garupa dos meu infante soldadinho combatente

Mas num rasgo de sobriedade não tem adeus e o que é triste fica contente
Turbilhão de historias saem dançantes de dentro de uma rota sacola já meio rasgada
Tudo brilha como estrelinhas festejantes no céu soltas alegres e muito sorridentes
O que era sisudo, cabisbaixo e moribundo agora aceso abre a mais imensa risada
Como ressuscitados a multidão de dizeres serpenteia as tuas ruas e a procissão continua
Sai do fundo do peito o ar forte com um brado de rimas e cânticos que nunca extenua

A.S.Drumond



Nenhum comentário:

Postar um comentário