Velha conhecida
Corri nas suas
praias minhas velhas conhecidas
Das suas areias
finas fiz das minhas pueris jornadas as raias
Sons de ondas
batendo no quebra mar de pedras inda hoje me convidas
No meu imaginário
suas espumas brancas num fechar de olhos espraias
Seu sol indiferente
brilha o mesmo brilho que queimava minhas costas nuas
Quando ele se
escondia entre as nuvens brancas azuladas vinha logo a lua
Com seu brilho
sereno revestido dos mistérios que pela noite a dentro ia
Na barra do dia
puxar as redes cheias de peixe e saciadoras da fome da gente
Ainda me invades a
mente e as narinas com teu cheiro impar das marés de abril
Nasces a partir de
uma ponte que atravessa o rio Almada com suas aguas escuras vertentes
Nas suas praias de
águas verdes e tranquilas nos seus areais os meus passos de outrora
sumiu
Me tomas como as
linhas soltas segurando no céu minhas arraias empinadas nas tuas
ruas
Sons de Samba de
roda, pés descalços batendo ritmados no chão de materias cruas
Minhas
pensamentações me indagam porque um dia de ti minha infância
partiu
Hoje um paredão de
concreto e pedras te afastam e separam de ti a minha presença
Meus olhos vão
escurecendo e as tuas lembranças vão se distanciando lentamente
As brumas vão
chegando e enchendo a mente numa grossa camada de tinta densa
As memórias se
curvam no arrumar das malas e vão deixando um vazio de tom descrente
Vão se esvaindo os
sons das andanças nas vielas e das festanças das velhas
brincadeiras
Te procuro na velha
foto daquelas que se costuma guardar no fundo das carteiras
Não te encontro
mais, pois fostes na garupa dos meu infante soldadinho combatente
Mas num rasgo de
sobriedade não tem adeus e o que é triste fica contente
Turbilhão de
historias saem dançantes de dentro de uma rota sacola já meio
rasgada
Tudo brilha como
estrelinhas festejantes no céu soltas alegres e muito sorridentes
O que era sisudo,
cabisbaixo e moribundo agora aceso abre a mais imensa risada
Como ressuscitados a
multidão de dizeres serpenteia as tuas ruas e a procissão continua
Sai do fundo do
peito o ar forte com um brado de rimas e cânticos que nunca extenua
A.S.Drumond
Nenhum comentário:
Postar um comentário