Pela
janela
Pela
janela dos sonhos eu vou fazendo a viajem de volta
passando
por retas e curvas da estrada que leva ao passado
Tendo
como companheiras as lembranças que pela estrada corta
As
lembranças voam e vem pousar no meu ombro cansado.
Pela
janela do mundo vou voltando o velho relogio do tempo
passa
boi passa boiada e chuva grossa carregada de vento,
Passa
crianças correndo nos trilhos enferrujados perdidos no relento
Tambem
tem velho de terno de linho branco encardido andando desatento.
Pelo
vidro encardido passa a mulher na janela do bordel
Tambem
vejo o palhaço na perna de pau declamando poesia de cordel
E
tem moça encantada recebendo do noivo o compromisso do anel,
No
vidro empoeirado a abelha se estatela derramando seu mel.
Da
janela sem cortinas eu desnovelo o novelo da estrada da vida
Presente
dando lugar ao passado que vem ruminando feito boi de carro
Tem
vai e vem de mendigo e tambem tem criança com cara suja de barro
Tudo
vai passando e a cada curva em um pensamento e nas lembranças
esbarro
Pela
janela da vida tudo se escreve ainda que em linhas tortas
Já
não são os olhos que trazem o fio de memorias pela velha porta
Tempo
e espaço na janela do onibus da saudade é o que menos importa
O
tudo se torna no nada no carro que na vida tudo transporta.
A.S.Drumond




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