Preocupa-me a forma banal com que os conflitos afetivos que envolvem Pais e Filhos são tratados pela mídia nos litígios conjugais.
A história do menino Seam de oito anos com dupla nacionalidade: americana e brasileira é o meu foco neste artigo e de como a mídia usou e abusou da manipulação do afeto, enfatizando sempre que ele precisa escolher entre as duas famílias e com quem ficaria sua guarda. Tudo isso se revestiu de aspectos que podem ser cruéis com essa criança,quando ela se tornou vitima de uma mídia raivosa e sedenta de matérias espalhafatosas e bombásticas,além de que essa mesma mídia interfere de forma impressionante e insana tentando agir no lugar dos tribunais no processo judicial, concluindo e definindo as soluções para o caso.
Ao mesmo tempo em que o sistema judiciário analisava os fatos com a objetividade e a luz das leis pertinentes, em paralelo, a mídia nefasta manipula o afeto fazendo comentários indiscriminados acerca da personalidade do pai e de quais seriam seus objetivos ao obter a pretensa guarda, imergindo assim a criança num oceano de influencias negativas de um mundo onde o que importa é a audiência e não o pai e os avós que litigam. Não tem sido incomum ver os veículos de comunicação, por egoísmo, orgulho ferido, vingança, atropelar qualquer sentimento de compaixão e proteção aos envolvidos e muito menos pelo menino Sean, para fazer valer seus propósitos interesses.
As noticias do caso Sean, nascido nos EUA, filho de mãe brasileira e pai americano dão conta da avidez com que os veículos da mídia aproveitaram para manipular ao seu bel prazer a frágil condição em que se encontram os litigantes pela guarda e o garoto, que após ter perdido a mãe e aguardar decisão da justiça, viveu no meio de um fogo cruzado onde as mais diferentes variáveis dos “especialistas” que hoje proliferam os programas das mais variadas emissoras de rádio, TV e jornais e que se acham capazes até ao absurdo de avaliar uma decisão do presidente do Supremo Tribunal que decidiu que Sean deveria ficar sob a guarda do pai nos Estados Unidos, e não permanecer no Brasil, com o padrasto, a irmã menor e a família de sua mãe.
Esse caso especificamente transformou uma separação conjugal e a consequente luta pela guarda de uma criança, numa saga sem escrúpulos dos veículos de mídia que se acotovelaram pelas esquinas e pelos saguões ou portões dos condomínios das famílias envolvidas, culminando com uma cena dantesca onde por inépcia ou mesmo até por indicação de algum veiculo de mídia, os avós maternos e o padrasto ao invés de usar uma entrada segura pela garagem da Embaixada Americana, preferiram ainda que quase sendo agredidos por repórteres e curiosos que se atropelavam e se acotovelavam a busca de um melhor angulo para os seus microfones e câmeras.
E o principal prejudicado nessa questão, onde estava? Certamente quando ele tentava adentrar a segurança da Embaixada estava apavorado e com o coração aos sobressaltos e nem de longe deveria estar pensando em com quem ficaria, mas sim se ficaria em segurança. O menino entrou abraçado ao padrasto e cercado por seguranças que a todo custo tentava dissuadir a turba de “buscadores de noticias”.Naquele momento o que se viu foi uma mídia inescrupulosa tomada por propósitos individualistas,cega e pouco se importando com o real bem estar dos envolvidos.
Apesar de não alcançar os mesmos índices de audiência, eu creio que a maneira correta de se tratar uma questão como essa seria declarações sensatas onde os envolvidos pudessem analisar os interesses de Sean e aceitarem a decisão da justiça que a luz da lei o encaminharia para qualquer dos lados com a certeza de ele estaria feliz e amparado. E não agir de forma manipuladora e controversa que só acabou gerando mais polemica.
Esse caso serve de alerta a nossa sociedade, que em qualquer hipótese não pode entregar sua opinião e escolhas apenas por causa do apelo insensível de apresentadores ou repórteres preparados para dirigir a opinião de ouvintes, leitores ou telespectadores e os fazerem tomar partido do pai ou da família da mãe.
É triste ver a mídia buscando avidamente as fatias de audiência como hienas famintas que reduzem a nada os sentimentos e subjugam os desabafos e as responsabilidades, isso sinceramente não é o jornalismo que a sociedade carece.
A mídia avassaladora transformou o menino de 8 anos em troféu de guerra. Esse episodio revelou a que grau podem chegar a cegueira e a histeria de adultos insensíveis escondidos atrás de câmeras e microfones. Uns se acotovelavam para mostrar que Sean é feliz no Rio de Janeiro, outros para revelar a versão da família americana e testemunhar seu amor pelo pai.Será que alguém pensou no menino?
Finalizando quero considerar que a mídia deve colocar de lado as fatias de audiência e agir de forma sensata pensando que a frente dos microfones e das lentes está Sean e seu bem-estar e proteção, mostrando o melhor para ele que seria o convívio com as duas famílias, a americana e a brasileira. Por que não insistem nesse aspecto?Simples!porque a audiência e o sensacionalismo andam juntas. O que essa mídia quer mesmo é “A MANIPULAÇÃO DO AFETO”
PR.ADEM.
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