A noite passou tão lentamente, que parecia nunca amanhecer, mas a bruma da manhã foi chegando junto com o cheiro gostoso do café que vinha lá do fundo da cozinha da pensão onde passamos a noite e um colorido de sons começou a chegar aos meus ouvidos me avisando que o dia enfim havia chegado.
Do meu lugar na mesa eu via meu pai e minha mãe sussurrando baixo, para que eu não ouvisse “Essa viajem é muito cansativa para o menino”. Realmente eu estava muito debilitado,mas a ansiedade própria dos “pequenos infantes” fazem sucumbir qualquer debilidade em troca da surpresa de uma viajem ao desconhecido lugar da origem da família do meu pai.Meu pai pagou a conta e rumamos para a rodoviária,na esperança de ainda encontrar passagens na direção daquela cidade que povoava meus sonhos naquele momento “A tão sonhada Dionísio”. Ledo engano de quem esperava o conforto de uma viajem numa poltrona na janela de por onde eu pudesse ver as montanhas da minha Minas Gerais, o ônibus estava lotado isso sim; e fomos em pé ate Governador Valadares, eu suava frio de tão cansado que ficara da viajem mal arrumada.
Chegamos a Valadares e a noite já vinha se achegando, e eu cansado, nada de ônibus para Dionisio. Me bateu uma revolta “Será que vão desistir”.Isso já se passara muitos anos desde a ultima vez que meu pai houvera saído de sua cidade natal,nós não íamos desistir.Surgiu uma carona e lá fomos nós de fusca até Coronel Fabriciano.Quando chegamos a noite já se fazia alta e eu estava exausto mas exausto a ponto de ter desmaiado de cansaço quando cheguei no quarto do hotel.Onde achar um medico à aquela hora para me receitar.Enfim,o medico diagnosticou exaustão mesmo,mas, eu acredito que foi a vontade de chegar logo a terra de meus avós,pois,quando voltei ao hotel comi um filé inteiro sem pestanejar.
A manhã chegou e com ela a estrada, passamos por São Domingos do Prata e enfim avistei La encima do monte a casinha de meus avós com suas telhas avermelhadas e uma chaminés lançando fumaça e me convidando para o café. Foi uma festa que durou uma semana,uma semana que pareceu um dia “QUANDO EU TINHA 12 ANOS”,e agora virou saudade acompanhada de uma lagrima insistente que aquece o canto dos meus olhos e que me leva de volta à aqueles passos que pareceram eternidade indo de encontro a soleira da porta da casa de meus avós. Só restou saudade.
PR Adem Drumond